Descrição
O presente livro, coordenado pela incansável bakhtinóloga Beth Brait, confirma algo que já se tornou um axioma: a elasticidade da temática filosófico-antropológica sedimentada no dialogismo como modus vivendi da obra de Bakhtin encontra aplicação e se enriquece nos mais vastos campos da atividade intelectual. Os ensaios que compõem o presente livro são uma prova desse asserto. Ele começa por uma competente introdução que é de fato um resumo do livro, que até dispensaria o trabalho deste “orelhista”. Mas como a própria obra de Bakhtin se sedimenta numa liminaridade dialógica como espaço discursivo aberto à inserção da palavra do outro, então aqui vai a minha. Compõem o livro doze ensaios de autores de diversos pontos do Brasil, o que mostra como o pensamento bakhtiniano enraizou-se e vem se consolidando entre nós. Note-se que todos são centrados no dialogismo como centro aglutinador das reflexões. Abordam o riso e seu papel na reinterpretação da cultura, a relação de Bakhtin e seu Ciclo com o teatro, a redemocratização no Brasil à luz de um possível dialogismo (dois ensaios), o ponto de vista na interpretação de artigos de opinião, os lugares-comuns na atividade jornalística e jurídico-institucional, a velha retórica como um eventual espaço de diálogos, a resenha na graduação como um diálogo entre sujeito cognoscente e objeto da cognição, que faz do aluno sujeito de sua própria aprendizagem, o dialogismo no ensino da língua, um possível dialogismo no gênero sermões, a linguística à luz da filosofia bakhtiniana, Bakhtin, Heidegger e outros filósofos. Por fim, uma nova biografia de Bakhtin.O fulcro do dialogismo são o reconhecimento e a aceitação do outro em suas peculiaridades, e esta é uma questão central de qualquer democracia.
Paulo Bezerra
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