Descrição
Num instante muito significativo da contemporaneidade, em que a Internet transformou-se num grande laboratório para o estudo da linguagem, dois competentes pesquisadores brasileiros nos trazem um estudo muito necessário e interessante: um mergulho na dimensão oral e retórica do rádio alagoano. Conseguem, com admirável esforço analítico, mostrarem-se atualíssimos, pois a vocalidade retorna, poderosa e ajustada, com suas espetaculares nuances persuasivas. A eloquência, novamente, se veste com suas melhores roupas de festa para, pelo olhar crítico e rigorosamente analítico de Maria Francisca Oliveira Santos e Max Silva da Rocha, desfilar, sonora e articulada, como reguladora poderosa de crenças e convicções do auditório. Os autores se valem, com admirável clareza e segurança, das teorias do discurso para fazerem emergir a palavra como um fator preponderante para a produção do crível, do razoável, do provável. Apaixonados cientistas, os autores nos mostram como o oral produzido nas ondas do rádio invade o auditório com a afirmação de valores e com demonstrações cabais de como a oralidade “funciona” quando o objetivo é persuadir. Hábeis analistas do discurso oral, os autores nos ensinam, de forma gradual e crescente, as veredas retóricas utilizadas pelo rádio alagoano para mostrar que um problema retórico é sempre uma construção simbólica da realidade, que envolve um contexto que se soma à interpretação de quem a vivencia. Mostram-nos como o rádio, pela oralidade, negocia as distâncias com o auditório. Demonstram, pela análise retórica – amparada pela Análise da Conversação e Linguística Textual – como se salvaguardam, pelo lugar retórico da saúde, a coerência de um problema que preocupa todo o auditório universal da contemporaneidade: mente sã em corpo são. A voz dos autores se impõe solenemente na simplicidade admirável com que desvendam as astúcias da voz do outro, aquela que, fluida e articulada, ecoa pelas ondas do rádio. O livro é um registro importante do vigor da vocalidade em tempos de mídias sociais e globalização. O velho e bom rádio, mostram-nos os autores, ainda tem encantos singulares e recônditos que precisam ser desvelados teoricamente para que possamos, mais e mais, caminhar na missão agradabilíssima e sempre difícil de encontrar o homem no próprio homem.
Dr. Luiz Antonio Ferreira
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP)
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