Descrição
POR QUE UM PESCADOR?
Seria pretencioso refutar a genialidade de Guimarães Rosa, por usar um homem dentro de uma canoa, no conto “A Terceira Margem do Rio”, já que o intuito dele era fazer o homem refletir sobre a amálgama do ser. Aqui, o pescador foi escolhido (para a capa) como o símbolo do homem que paira sobre o limite: da superficialidade e da profundidade.
Um personagem que desliza em sua pequena canoa, sobre o que traz vida e morte. Este homem – o pescador- é aquele que atravessa os âmbitos linguísticos, em todas as vertentes possíveis. Envereda nos míticos rios da literatura. Passa com sua canoa pelas lendas, pelos contos, pelas canções, pelos poemas… até chegar nos “causos”.
Quem nunca ouviu as intrigantes e inverossímeis histórias de pescador? O ribeirinho que exerce por excelência essa profissão, o dom de conhecer os mistérios das águas. Águas tão profundas que envolvem o mundo, ligam e separam um lugar do outro. Foram as primeiras estradas, muros e pontes, equiparadas as fronteiras e caminhos feitos pela língua. Todos os dias, a linguagem se derrama sobre o mundo através dos gêneros discursivos. O homem, todos os dias, está remando sobre eles com a sua pequena e simples canoa. E a você, faço a pergunta: o que seria essa canoa?
Samara Conde
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