Descrição
“[…] qual é a justificativa da intromissão do colonizador no território colonizado? Quais são os argumentos para a sujeição dos indivíduos humanos e não-humanos ali presentes? Quais são os efeitos dessa sujeição? As possíveis respostas convergem para a ideia de que o humano das sociedades ocidentais, de modo geral, concebe a razão como prerrogativa e distintivo humano, a qual o difere de ‘humanos inferiores’ e de não-humanos. E buscando a compreensão desse pensamento em estudos teóricos, chegou-se ao conceito de doutrina da razão, apresentado por Val Plumwood (2002); bem como à ideia de logocentrismo, de Jacques Derrida (1967).
Esses e outros teóricos problematizam, então, o apego do humano ocidental à razão, a qual ele emprega, por meio da linguagem, como instrumento de poder, de dominação e de sujeição daqueles que ele acredita terem uma capacidade racional menor ou inexistente. Essa concepção e postura deflagraram o racionalismo, cerne de ideologias como o antropocentrismo, noção que acomoda em seu bojo outras mazelas, como o colonialismo, o especismo, o sexismo, o racismo e a violência ecológica.” É como antídoto para esse tipo de emprego e de consideração da linguagem e da razão que se estabelece a toxicopoética, uma forma de narrar que se constrói nos interstícios, nos desvãos, nos interditos, nas indefinições e que, por esse motivo, não pode ter os seus sentidos apreendidos, dominados.
Ainda, por meio dela, é possível suscetibilizar “verdades” historicamente criadas, desvendando seus arranjos convenientemente organizados em favor de certos grupos que vivem da opressão de outros.
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