Descrição
O espaço e a personagem sempre foram elementos importantes para a estruturação das narrativas, sendo objetos de inúmeros estudos sobre o literário. Essa relevância adquire traços mais significativos quando pensada a partir da perspectiva latino-americana, cuja herança colonialista tem enquadrado o território e os povos – ameríndios e africanos, sobretudo – como objeto escolhido para o exercício de sua própria violência física, cultural e simbólica. Desde o primeiro contato estabelecido com aqueles que habitavam o chamado “novo mundo”, o europeu ligou o continente latino-americano e seu povo a uma imagem relacionada à natureza e à barbárie em oposição à ideia de cultura e civilização, presumivelmente características definidoras da superioridade europeia.
Ao mesmo tempo, numa espécie de oposição a esse imaginário, o espaço e as pessoas “recém-descobertas” pelo colonizador também passaram a representar, para ele, a ideia de um paraíso perdido e de uma ingenuidade primitiva ou, como expressou Thomas Morus em Utopia, publicado em 1516, lugar de plena felicidade e harmonia.
Ao longo dos séculos, essa relação de tensão, opressão e ambiguidade foi o eixo sobre o qual se consolidou um discurso literário sobre a América Latina, tomada, repetidas vezes, como o “Outro” visto como alguém inferior a ser subjugado pelo “eu” hegemônico do outro lado do Atlântico.
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