Descrição
Cícero, ao fazer menção aos Tópicos de Aristóteles, informa que a obra aristotélica, assim como a sua versão latina homônima, possui como finalidade “especificar os meios para elaboração dos argumentos, de maneira que chegássemos a isso com conhecimento e método sem qualquer erro” (disciplinam inveniendorum argumentorum, ut sine ullo errore ad ea ratione et via perveniremus). Percebe-se, com esta descrição, o esforço de se aliar lógica e retórica para formular o argumento ou, ainda, para promover a integração entre o que chamamos hoje de filosofia e teoria do discurso.
Contudo, ainda que o orador empregue a expressão ratio disserendi para traduzir o grego λογική (lógica), o termo não deve ser compreendido como a lógica formal que conhecemos hoje. A palavra λογική denota, de forma ampla, a argumentação em geral, equivalendo ao termo διαλεκτική empregado por Platão (Pl. Resp. 533a) e por Aristóteles (Ar. Rhet. 1355a). Com base nisso, Cícero estabelece que a lógica, entendida como argumentação em geral, divide-se em duas partes: a de elaboração (retórica, de matriz peripatética, para discernir os meios de persuasão) e a de validade (dialética, de matriz estoica, para julgar o valor do argumento). A técnica de emprego dos tópicos, ou seja, dos lugares do argumento, integra a primeira dessas partes. A lógica de que Cícero trata no presente volume combina elementos peripatéticos e estoicos sobre a formulação do argumento. Assim, os Tópicos, de Cícero, acabam basicamente por ser um tratado de retórica, destinado à composição do argumento à luz de princípios filosóficos. |
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