Descrição
Isso que chamamos de mundo é múltiplo, povoado por diferenças e singularidades. Mas, como a multiplicidade e a diferença incomodam, ao longo dos séculos elas foram tratadas sob o signo da unidade, da mesmidade. Afinal, é mais fácil governar e controlar o mesmo do que o múltiplo. Nesta imensa máquina de controle, os processos e instituições educativos foram e continuam sendo uma das engrenagens importantes. Porém, as diferenças, mesmo reduzidas ao mesmo, escapam. Aos poucos, gritam e se impõem, fazendo-se ouvir, exigindo serem notadas.
Quando já não era mais possível negar as diferenças e as singularidades sob o rótulo do mesmo, a máquina de controle começou a reconhecê-las. Mas não para afirmá-las, e sim para contê-las, para tentar continuar produzindo uma sensação de unidade. Em outras palavras, para seguir no controle. Este livro, resultado de um amplo e intenso processo de pesquisa acadêmica, mapeia e rastreia os processos através dos quais a máquina de controle foi produzindo registros das diferenças e das singularidades, compondo redes e semióticas para sua contenção. Para dar a impressão de afirmação e respeito, quando se trata de manter as diferenças governadas. Documentos que são monumentos foram analisados, para tornar esse rastro visível, produzindo um mapa que possibilita a orientação do leitor.
Encontramos aqui as altas temperaturas produzidas nas políticas educativas e nas instituições escolares por essa tentativa de controlar e governar “aquilo que não tem governo nem nunca terá”, o desejo e a diferença.
Sílvio Gallo
Faculdade de Educação – Unicamp
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