Descrição
Existir e não pertencer, de Nelson Filice de Barros, narra em prosa a condição do próprio autor (e de muitos como ele) de existir como cientista social no campo da saúde e não sentir a ele pertencer; talvez, ainda, de não ser totalmente reconhecido no campo.
Filice opta por uma autoetnografia para contar sua travessia no campo da saúde, segundo ele, opção para narrar sua existência sem pertencimento. O livro coloca os leitores em uma situação de estranhamento. No decorrer da argumentação, a linguagem vai mudando: aqueles acostumados a uma modulação acadêmica muitas vezes se sentem desconfortáveis com poesias e com construções poéticas que surgem inadvertidamente no texto; outros, menos afeitos a elaborações teóricas, acabam percebendo que o autor foi por esse caminho.
Todavia, esse entrecruzar de formas de expressão não é algo forçado ou externo ao conteúdo. Ao contrário, o autor está justamente chamando atenção para espaços complexos que exigem respostas múltiplas e linguagens diferentes.
Todavia, o texto é difícil não por termos ou conceitos complicados ou por um estilo rebuscado, nem pelo mencionado entrecruzar de formas de expressão, mas, sobretudo porque indaga, interpela o leitor, que passa a indagar: é possível existir sem pertencer? Há em Existir e não pertencer um reclame de pertencimento? Ou o que se quer com essa afirmação é outra coisa, um algo mais? O que o autor deseja nos dizer afinal? Pedro Paulo Gomes Pereira
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