Descrição
Quando se faz Concurso de Livre Docência na UNESP, pode se apresentar uma tese ou uma reunião de trabalhos realizados ao longo da carreira. Foi o que fiz, para o Concurso que prestei em setembro de 2019, na minha área de atuação na Graduação da FCL, que é Literatura Portuguesa.
É esse trabalho, do qual retirei alguns textos sobre poetas mulheres, reservados para um próximo volume, o qual será centrado nas vozes femininas, que apresento agora na forma de livro.
Sobre ele, assim se manifestou Lucília Maria Abrahão Sousa (USP/ Ribeirão Preto), membro titular da banca: Sobre sua tese […] o primeiro ponto a anotar diz respeito à escrita deliciosa, à organização da sua escrita, o que faz com que o leitor seja tomado pela sua palavra, abraçado por ela. É elegante e madura, é didática e densa. Você a faz mobilizando referências bibliográficas que se somam e não se repetem. Você amplia o escopo de sua pesquisa sem medo, à medida que escreve com a ousadia dos que querem um bocado mais de reflexão.
Traz a historicidade da modernidade, sustenta os pilares fundamentais da lírica (pós)moderna, desenvolve os protocolos da modernização iniciada há décadas e coloca na ciranda autores outros para dar um tratamento aos personagens poéticos de Pessoa, por exemplo, mobilizando Freud. Em outros momentos, toma a linguística de Jakobson [.. Um ponto interessante que podemos apreciar no seu texto é o modo como situa os autores modernos, pós-modernos, a trabalharem os espaços vazios, as zonas de sombra e silêncio’, cavando, no esburacamento dos textos alheios e fatos históricos, seu modo de inscrição de um novo laboratório.
Saramago que o diga, brilhantemente analisado por você. *O que se pode observar é a fragilidade da natureza humana, entregue a terrores e conflitos ancestrais, impotente diante dos enigmas da vida, da fatalidade do destino e da crueldade do contexto histórico’.
Para dar coro à sua tessitura teórico-analítica, você mobiliza temas [..) e poetas, colocando-se em boa companhia: Pessoa, Saramago, Botto, Sophia de Melo, Sena, Nava, promovendo análises consequentes e, eu diria, abrindo espaços de rebeldia […]. Um último ponto que gostaria de anotar é um retorno regularizado em várias análises do lugar da infância, do jardim, superfície da memória, acalanto: índice do humano que é semantizado de diferentes modos, produzindo efeitos quando do humano a precariedade acena.
Esse tempo ‘no qual se projetam sonhos e encantamentos, ao lado de temores e angústias, esse momento acionado pela memória da infância, que é o momento da origem do mundo, essa escuta e partilha do sensível (Rancière), atravessa o seu livro todo e transmite uma força muito insular no trato com a organização do material de análise que você escolhe, recorta, costura e mergulha, no manejo das referências bibliográficas que mobiliza, nas articulações que constrói a partir delas, inserindo ali a sua própria voz e o seu movimento de autoria”
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