Descrição
Este novo livro de Edgar Cézar Nolasco encena uma narrativa voltada para o campo da memória, mas com o objetivo maior de descontá-la. Visando alcançar tal proposta narrativa, o autor mistura as cronologias, bem como as personae que ali são apresentadas e encenadas. De modo que, assim, o que o leitor do livro acaba tendo,
na verdade, é uma narrativa que caminha para uma digressão narrativa, onde os fatos às vezes voltam e são des contados em épocas e contextos bem diferentes entre eles.
Temos aí, dessa vez, um romance desbiográfico, cujo estofo maior é um lugar chamado de Revolta que se desenha como real e imaginário a um só tempo. Não por acaso, tempo e perda poderiam ser duas palavras das quais, se, por um lado, o autor da narrativa evita tratar delas, por outro lado, elas voltam ensombrando a narrativa do começo ao fim.
Ao final e ao cabo, o projeto narrativo do livro dá a entender, às vezes, que quando o livro termina ali teria, na verdade, o começo da história por vir. Valendo-se de um jogo entre a leitura e a escrita, e sempre acompanhado por amigos literários deliberadamente convocados, o autor da narrativa vai se aproximando de passagens literárias eleitas por ele para um livro por se fazer, mas que, grosso modo, já está acontecendo.
Enfim, o próprio livro se constrói numa proposta de leitura que, a seu modo, o descontrói. Que o leitor passe a fazer parte dessa estratégia de leitura ali estruturalmente pensada.
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