Descrição
Esta obra é fruto de 10 anos de pesquisas sobre contos de fadas em solo brasileiro e francês. Trazemos aqui resultados finais de caráter inovador: a criação do conceito (social e político) de ler contos de fadas – construído por saberes sobretudo da Semântica Argumentativa, da Análise de Discurso e da teoria de Paulo Freire. De início, fazemos uma distinção básica entre “contos de fadas” e “ler contos de fadas”. Dentre muitas definições possíveis, os contos de fadas são a expressão social e política de certos grupos, próprios de certa historicidade, que protagonizam suas lutas e resistência determinadas pelas condições dispostas de certa época. Este livro reflete que ler contos de fadas é, antes de tudo, reconhecer uma forma de controle social.
Para a produção desses sentidos, ditos “disneyficados”, faz-se jus descortinar pressupostos não ditos, mas impostos pelos sujeitos que “vendem” contos de fadas: qual corpo ter, a qual comportamento ceder, em qual prisão se manter, a qual moral se render e sobretudo qual dor esconder. Esses pressupostos não-ditos, mas significados, promovem uma sociedade acrítica por discursos mercadológicos, cinematográficos, midiáticos de toda ordem, literários, sobretudo infanto-juvenis, publicitários, de entretenimento e inclusive pedagógicos, dentre outros. Por todos eles, perpetua-se sociedades domesticadas e sem propósitos transformadores. Logo, ler contos de fadas – e por extensão, ler materialidades fantásticas – é minimamente reconhecer uma estratégia: os contos de fadas são instrumentos, cujo uso pode ser de instrumento de alienação (ao perpetuar estereótipos, domesticar comportamentos, robustecer a não-reflexão e esconder a presença da dor) ou instrumento de conscientização (ao reconhecer neles como funcionam as sociedades, suas lutas e seus interesses, ressignificando e valorizando a dor, como propomos pelo nosso conceito de ler – sócio-politicamente – contos de fadas). Este livro sugere que, ao invés de meros consumidores, os leitores de contos de fadas podem produzir sentidos menos moralizantes e mais conscientizadores.
Trata-se de obra obrigatória para pesquisadores e interessados em universo fantástico, streaming, cinema, literatura infanto-juvenil, contos de fadas, fábulas, universos distópicos ou de ficção e questões sociais e políticas, dentre outros.
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